quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Leitura de poemas 1º ano


A borboleta



















Pela fresta da janela,
entrou voando uma borboleta,
sem cores, triste era ela,
escura, grande e feia.
Pousou na minha cama.
Quando a vi, que arrepiu...
Por que não pousou na grama?
Alí parada ela insistiu.
De repente ela mexeu as asas,
apavorada eu fiquei.
Por causa da borboleta,
nem piscar eu pisquei.
Foi uma luta intrigante,
a borboleta e eu,
quando consegui que ela fosse embora,

lá fora ela morreu!





             SILVIA TREVISANI
POEMAS INFANTIS
Autoria de Berenice Gehlen Adams
Em cada coisa, um encanto...

 O mundo é cheio de coisas.
É coisa que não acaba mais, ou será que acaba? 
 
Tem de tudo um pouco...
Tem coisas que estão dentro:
Peixe dentro da água,
Tartaruga dentro do casco,
Semente dentro da fruta... 
 
Tem coisas que estão fora:
Coelho fora da toca,
Menino fora da casa,
Chuva fora da nuvem... 
 
Tem coisas que estão em cima:
Vaso em cima da mesa,
Telhado em cima da casa,
Boneca em cima da cama... 
 
Tem coisas que estão embaixo:
Chinelo embaixo da cama,
Tapete embaixo da mesa,
Minhoca embaixo da terra... 
 
Tem coisas que são grandes:
O edifício, o parque, a cidade,
O elefante, o hipopótamo, a montanha... 
 
Tem coisas que são pequenas:
O fósforo, a borracha, o prego.
A formiga, a agulha, o grão de areia... 
 
Tem coisas que são novas,
Tem coisas que são velhas...
Tem coisas que são secas,
Tem coisas que são molhadas... 
 
O mundo é cheio de coisas,
De coisas diferentes,
E dentro de cada coisa
Existe um segredo,
Existe um encanto,
Que a gente vai descobrindo
Brincando, cantando e estudando...

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Crescendo e aprendendo 
  

Quando eu nasci
Não sabia fazer quase nada...
Mamava, chorava,
Fazia xixi e cocô,
Fazia mãnha, dormia, acordava...
Fui crescendo devagarinho,
E a cada dia
Aprendia um pouquinho...
Aprendi a bater palminhas,
Aprendi a engatinhar,
Aprendi a caminhar,
Aprendi a falar...
Fui crescendo e aprendendo...
Hoje sei fazer muitas coisas:
Sei dançar, sei cantar,
sei falar, sei correr e pular...
Mas sei também
Que ainda tenho
Muito para aprender.
Sei que quanto mais aprendo,
Mais coisas poderei fazer.
E assim vou aprendendo
A conhecer o mundo
Que é cheio de encantos e magia,
Que é cheio de amor, natureza e poesia... 
  
 

 
O ABC da vida...

Devemos amar e respeitar...
 Á RVORE que dá sombra, que dá frutos.
 B ALEIA que vive a nadar pelo mar.
 C ACHOEIRA que vive a vida a correr.
 D INOSSAURO que viveu há milhões de anos atrás...
 E COLOGIA que é a ciência que estuda a vida.
 F IGUEIRA que é uma árvore frondosa e faceira.
 G IRAFA que é pescoçuda como uma garrafa.
 H IPOPÓTAMO que é pesado e gosta de água.
 Í NDIO que vive em aldeias na mata.
 J ACARÉ que rasteja devagar e sabe nadar.
 L ARANJA que guarda um suco saboroso.
 M AR que é imenso e tem água salgada.
 N ATUREZA que nos encanta com sua beleza.
o O ZÔNIO que protege a Terra.
 P LANETA que vive a vida a girar.
 Q UATI que tem a cauda comprida com anéis de pêlos pretos.
 R IO que corre para o mar como quem vai se atrasar.
 S ELVA que é um lugar habitado por animais selvagens.
 T ERRA que é o planeta em que vivemos.
 U NIVERSO que é onde existem planetas, estrelas, asteróides.
 V ENTO que é o ar em movimento.
 X AXIM que é planta que tem o tronco formado por raízes.
 Z ELAR pelo nosso amado Planeta Terra.

 

Pesquisar 

Pesquisar é entrar
Na vida dos livros,
Em vidas vividas
Por reis e rainhas,
Em vidas vividas
Por bichos e plantas...
Pesquisar é entrar
Na vida real,
Na vida vivida
Por todos nós.
E quanto mais pesquisamos,
Mais curiosos ficamos,
Porque a pesquisa
Nos encanta e nos fascina,
Porque é da vida real
Que se criam os sonhos...
Pesquisar é entrar
Na vida dos bichos,
Na vida das plantas,
Na vida de rios e mares,
Procurando em cada canto
Um pequeno encanto.
E quanto mais pesquisamos
Mais percebemos que a vida
É cheia de cantos
E encantos secretos.
Na verdade é pesquisando
Que aprendemos
O quão imenso é
o nosso universo.
Autoria de Berenice Gehlen Adams



HOJE UM ANJO POUSOU

em meus olhos:
eu caminhava,
e de repente,
tudo ficou
tão leve e alado,
havia em todos,
nas ruas e nas casas,
um desejo de querer bem,
de repartir o pão,
de inventar jardins
e gestos delicados.
Todos amavam todos
numa ciranda infinita,
que dava a volta no mundo
fazendo um anel de luz

COM DELICADEZA

abrir as gavetas
que guardam
as palavras de seda.
Deixá-las sempre
ao alcance
de um sopro,
prontas para o vôo,
para o ouvido,
para a boca.

Palavras de seda

são como borboletas
douradas
quando pousam
no coração do outro



FADAS E BRUXAS



Metade de mim é fada,
a outra metade é bruxa.
Uma escreve com sol,
a outra escreve com a lua.
Uma anda pelas ruas
cantarolando baixinho,
a outra caminha de noite
dando de comer à sua sombra.
Uma é séria, a outra sorri;
uma voa, a outra é pesada.
Uma sonha dormindo, 
a outra sonha acordada.


in Pêra, Uva ou Maçã, ed. Scipione, 2005

Roseana Murray

DENTRO DE UMA ÁRVORE
Existo dentro de uma árvore,
em seu oco,
em seu silêncio, sou sua seiva
enquanto fabrica sementes.
Os pés se misturam
com as raízes,
caminham dentro da terra,
reconhecem o rumor
da noite subterrânea.
Os braços são galhos,
as mãos se balançam
ao redor do vento:
eu e a árvore
o mesmo pensamento.
Minha imobilidade
dura alguns séculos.

in Carteira de Identidade, ed. Lê.
VELUDO ÁSPERO
Para falar do medo
chamo a noite,
seu veludo áspero
na garganta.
Chamo as raízes
apodrecidas no cerne
da terra,
chamo as notas
estridentes
de um violino quebrado.
Para falar do medo,
escrevo no quadro-negro
a palavra mortal.
ANJO

Em cada precipício me sento
e um anjo me sussurra com calma
as encruzilhas,
as estradas desconhecidas
Todos os meus anseios
estão em suas mãos
e com seu hálito me acalma,
me acalanta.

Durma, ele me diz, sentado
na beira de minha sombra,
não tenha medo dos sonhos.


RIACHINHO

As águas claras
me contam segredos
de sol, de céu, de ar
e cantam acalantos
de ninar
enquanto correm ligeiras
da montanha para o mar

AMIGO

No rumo certo do vento,
amigo é nau de se chegar
em lugar azul.
Amigo é esquina
onde o tempo para
e a Terra não gira,
antes paira,
em doçura contínua.
Oceano tramando sal,
mel inventando fruta,
amigo é estrela sempre
no rumo certo do vento,
com todas as metáforas,
luzes, imagens
que sua condição de estrela contém.

CAIXINHA MÁGICA

Fabrico uma caixa mágica
para guardar o que não cabe
em nenhum lugar:
a minha sombra
em dias de muito sol,
o amarelo que sobra
do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.

Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio,
e para fechá-la
com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.

O que é que você quer
esconder na minha caixa?

TRANSFORMAÇÃO

Fabrico uma árvore
com uma  simples semente,
terra escura e quieta,
umas gotas de água.

Pouco a pouco,
de lua em lua,
de folha em folha,
enquanto o tempo
desenha arabescos
em meu rosto,
minha árvore se transforma
em poema vivo,
suas letras  são flores,
são frutos, são música.

MEL

Na curva da primavera,
no alto da montanha,
abelhas fabricam mel.
zumbem, dançam, rodopiam,
cantam para as flores
o azul do dia.

PIÃO

Um pião se equilibra
na palma da mão,
no chão, na calçada,
e alado vai rodando
por cima dos telhados,
gira entre as nuvens,
cada vez mais alto,
até que num salto
alcança a lua
e rola
até o seu lado oculto.
Faz a curva o pião
e ruma para Saturno,
tropeça nos anéis,
dá três cambalhotas,
se pendura
numa estrela cadente
e, sem graça,
volta para a palma da mão.

JOGO DE BOLA


A bela bola
rola:
a bela bola do Raul.

Bola amarela, 
a da Arabela.

A do Raul,
azul.

Rola a amarela
e pula a azul.

A bola é mole,
é mole e rola.

A bola é bela,
é bela e pula.

É bela, rola e pula,
é mole, amarela, azul.

A de Raul é de Arabela,
e a de Arabela é de Raul.

Cecília Meireles


Todo Dia

Dia de criança é todo dia,
é toda lua,
é toda rua
para brincar.
Dia de criança
é todo sol,
é todo rio,
barquinho inventado
pra navegar.
Dia de criança
é toda pipa
rasgando o céu,
é tudo o que está
e não está
atrás do véu
e atrás da cortina,
andar feito bailarina
sobre os anéis de Saturno.
Dia de criança
é todo dia
até a gente ficar bem velhinho,
de bengala e neto no colo.
Dia de criança
é todo dia
e todo dia
é de poesia.
Roseana Murray


CONVITE
(JOSÉ PAULO PAES)
Poesia 
é brincar com palavras 
como se brinca 
com bola, papagaio, pião.

Só que 
bola, papagaio, pião 
de tanto brincar 
se gastam.

As palavras não: 
quanto mais se brinca 
com elas 
mais novas ficam.

Como a água do rio 
que é água sempre nova.

Como cada dia 
que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?


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