Pela fresta da janela,
entrou voando uma borboleta,
sem cores, triste era ela,
escura, grande e feia.
Pousou na minha cama.
Quando a vi, que arrepiu...
Por que não pousou na grama?
Alí parada ela insistiu.
De repente ela mexeu as asas,
apavorada eu fiquei.
Por causa da borboleta,
nem piscar eu pisquei.
Foi uma luta intrigante,
a borboleta e eu,
quando consegui que ela fosse embora,
lá fora ela morreu!
|
SILVIA TREVISANI
POEMAS INFANTIS
Autoria de Berenice Gehlen
Adams
Em cada coisa,
um encanto...
O mundo é cheio de coisas.
É coisa que não acaba
mais, ou será que acaba?
Tem de tudo um pouco...
Tem coisas que estão
dentro:
Peixe dentro da água,
Tartaruga dentro do casco,
Semente dentro da fruta...
Tem coisas que estão fora:
Coelho fora da toca,
Menino fora da casa,
Chuva fora da nuvem...
Tem coisas que estão em
cima:
Vaso em cima da mesa,
Telhado em cima da casa,
Boneca em cima da cama...
Tem coisas que estão
embaixo:
Chinelo embaixo da cama,
Tapete embaixo da mesa,
Minhoca embaixo da
terra...
Tem coisas que são
grandes:
O edifício, o parque, a
cidade,
O elefante, o hipopótamo,
a montanha...
Tem coisas que são
pequenas:
O fósforo, a borracha, o
prego.
A formiga, a agulha, o
grão de areia...
Tem coisas que são novas,
Tem coisas que são
velhas...
Tem coisas que são secas,
Tem coisas que são
molhadas...
O mundo é cheio de coisas,
De coisas diferentes,
E dentro de cada coisa
Existe um segredo,
Existe um encanto,
Que a gente vai
descobrindo
Brincando, cantando e estudando...
Crescendo e aprendendo
Quando eu nasci
Não sabia fazer quase
nada...
Mamava, chorava,
Fazia xixi e cocô,
Fazia mãnha, dormia,
acordava...
Fui crescendo devagarinho,
E a cada dia
Aprendia um pouquinho...
Aprendi a bater palminhas,
Aprendi a engatinhar,
Aprendi a caminhar,
Aprendi a falar...
Fui crescendo e
aprendendo...
Hoje sei fazer muitas
coisas:
Sei dançar, sei cantar,
sei falar, sei correr e
pular...
Mas sei também
Que ainda tenho
Muito para aprender.
Sei que quanto mais
aprendo,
Mais coisas poderei fazer.
E assim vou aprendendo
A conhecer o mundo
Que é cheio de encantos e
magia,
Que é cheio de amor,
natureza e poesia...
O ABC da vida...
Devemos amar e
respeitar...
a Á RVORE que dá sombra, que
dá frutos.
a B ALEIA que vive a nadar pelo mar.
a C ACHOEIRA que vive a vida a
correr.
o D INOSSAURO que viveu há
milhões de anos atrás...
a E COLOGIA que é a ciência
que estuda a vida.
a F IGUEIRA que é uma árvore
frondosa e faceira.
a G IRAFA que é pescoçuda como
uma garrafa.
o H IPOPÓTAMO que é pesado e
gosta de água.
o Í NDIO que vive em aldeias
na mata.
o J ACARÉ que rasteja devagar
e sabe nadar.
a L ARANJA que guarda um suco
saboroso.
o M AR que é imenso e tem água
salgada.
a N ATUREZA que nos encanta
com sua beleza.
o O ZÔNIO que protege a Terra.
o P LANETA que vive a vida a
girar.
o Q UATI que tem a cauda
comprida com anéis de pêlos pretos.
o R IO que corre para o mar como quem vai se atrasar.
a S ELVA que é um lugar
habitado por animais selvagens.
a T ERRA que é o planeta em
que vivemos.
o U NIVERSO que é onde existem
planetas, estrelas, asteróides.
o V ENTO que é o ar em
movimento.
o X AXIM que é planta que tem
o tronco formado por raízes.
E Z ELAR pelo nosso amado
Planeta Terra.
Pesquisar
Pesquisar é entrar
Na vida dos livros,
Em vidas vividas
Por reis e rainhas,
Em vidas vividas
Por bichos e plantas...
Pesquisar é entrar
Na vida real,
Na vida vivida
Por todos nós.
E quanto mais pesquisamos,
Mais curiosos ficamos,
Porque a pesquisa
Nos encanta e nos fascina,
Porque é da vida real
Que se criam os sonhos...
Pesquisar é entrar
Na vida dos bichos,
Na vida das plantas,
Na vida de rios e mares,
Procurando em cada canto
Um pequeno encanto.
E quanto mais pesquisamos
Mais percebemos que a vida
É cheia de cantos
E encantos secretos.
Na verdade é pesquisando
Que aprendemos
O quão imenso é
o nosso universo.
Autoria de Berenice Gehlen Adams
HOJE UM ANJO POUSOU
em meus olhos:
eu caminhava,
e de repente,
tudo ficou
tão leve e alado,
havia em todos,
nas ruas e nas casas,
um desejo de querer bem,
de repartir o pão,
de inventar jardins
e gestos delicados.
Todos amavam todos
numa ciranda infinita,
que dava a volta no mundo
fazendo um anel de luz
COM DELICADEZA
abrir as gavetas
que guardam
as palavras de seda.
Deixá-las sempre
ao alcance
de um sopro,
prontas para o vôo,
para o ouvido,
para a boca.
Palavras de seda
são como borboletas
douradas
quando pousam
no coração do outro
FADAS E BRUXAS
Metade de mim é fada,
a outra metade é bruxa.
Uma escreve com sol,
a outra escreve com a lua.
Uma anda pelas ruas
cantarolando baixinho,
a outra caminha de noite
dando de comer à sua sombra.
Uma é séria, a outra sorri;
uma voa, a outra é pesada.
Uma sonha dormindo,
a outra sonha acordada.
in Pêra, Uva ou Maçã, ed. Scipione, 2005
Roseana Murray
DENTRO DE UMA
ÁRVORE
Existo dentro de uma árvore,
em seu oco,
em seu silêncio, sou sua seiva
enquanto fabrica sementes.
Os pés se misturam
com as raízes,
caminham dentro da terra,
reconhecem o rumor
da noite subterrânea.
Os braços são galhos,
as mãos se balançam
ao redor do vento:
eu e a árvore
o mesmo pensamento.
Minha imobilidade
dura alguns séculos.
in Carteira de Identidade, ed. Lê.
em seu oco,
em seu silêncio, sou sua seiva
enquanto fabrica sementes.
Os pés se misturam
com as raízes,
caminham dentro da terra,
reconhecem o rumor
da noite subterrânea.
Os braços são galhos,
as mãos se balançam
ao redor do vento:
eu e a árvore
o mesmo pensamento.
Minha imobilidade
dura alguns séculos.
in Carteira de Identidade, ed. Lê.
VELUDO ÁSPERO
Para falar do medo
chamo a noite,
seu veludo áspero
na garganta.
Chamo as raízes
apodrecidas no cerne
da terra,
chamo as notas
estridentes
de um violino quebrado.
Para falar do medo,
escrevo no quadro-negro
a palavra mortal.
chamo a noite,
seu veludo áspero
na garganta.
Chamo as raízes
apodrecidas no cerne
da terra,
chamo as notas
estridentes
de um violino quebrado.
Para falar do medo,
escrevo no quadro-negro
a palavra mortal.
ANJO
Em cada precipício me sento
e um anjo me sussurra com calma
as encruzilhas,
as estradas desconhecidas
Em cada precipício me sento
e um anjo me sussurra com calma
as encruzilhas,
as estradas desconhecidas
Todos os meus anseios
estão em suas mãos
e com seu hálito me acalma,
me acalanta.
Durma, ele me diz, sentado
na beira de minha sombra,
não tenha medo dos sonhos.
RIACHINHO
As águas claras
me contam segredos
de sol, de céu, de ar
e cantam acalantos
de ninar
enquanto correm ligeiras
da montanha para o mar
AMIGO
No rumo certo do vento,
amigo é nau de se chegar
em lugar azul.
Amigo é esquina
onde o tempo para
e a Terra não gira,
antes paira,
em doçura contínua.
Oceano tramando sal,
mel inventando fruta,
amigo é estrela sempre
no rumo certo do vento,
com todas as metáforas,
luzes, imagens
que sua condição de estrela contém.
estão em suas mãos
e com seu hálito me acalma,
me acalanta.
Durma, ele me diz, sentado
na beira de minha sombra,
não tenha medo dos sonhos.
RIACHINHO
As águas claras
me contam segredos
de sol, de céu, de ar
e cantam acalantos
de ninar
enquanto correm ligeiras
da montanha para o mar
AMIGO
No rumo certo do vento,
amigo é nau de se chegar
em lugar azul.
Amigo é esquina
onde o tempo para
e a Terra não gira,
antes paira,
em doçura contínua.
Oceano tramando sal,
mel inventando fruta,
amigo é estrela sempre
no rumo certo do vento,
com todas as metáforas,
luzes, imagens
que sua condição de estrela contém.
CAIXINHA MÁGICA
Fabrico uma caixa mágica
para guardar o que não cabe
em nenhum lugar:
a minha sombra
em dias de muito sol,
o amarelo que sobra
do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.
Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio,
e para fechá-la
com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.
O que é que você quer
esconder na minha caixa?
Fabrico uma caixa mágica
para guardar o que não cabe
em nenhum lugar:
a minha sombra
em dias de muito sol,
o amarelo que sobra
do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.
Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio,
e para fechá-la
com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.
O que é que você quer
esconder na minha caixa?
TRANSFORMAÇÃO
Fabrico uma árvore
com uma simples semente,
terra escura e quieta,
umas gotas de água.
Pouco a pouco,
de lua em lua,
de folha em folha,
enquanto o tempo
desenha arabescos
em meu rosto,
minha árvore se transforma
em poema vivo,
suas letras são flores,
são frutos, são música.
Fabrico uma árvore
com uma simples semente,
terra escura e quieta,
umas gotas de água.
Pouco a pouco,
de lua em lua,
de folha em folha,
enquanto o tempo
desenha arabescos
em meu rosto,
minha árvore se transforma
em poema vivo,
suas letras são flores,
são frutos, são música.
MEL
Na curva da primavera,
no alto da montanha,
abelhas fabricam mel.
zumbem, dançam, rodopiam,
cantam para as flores
o azul do dia.
Na curva da primavera,
no alto da montanha,
abelhas fabricam mel.
zumbem, dançam, rodopiam,
cantam para as flores
o azul do dia.
PIÃO
Um pião se equilibra
na palma da mão,
no chão, na calçada,
e alado vai rodando
por cima dos telhados,
gira entre as nuvens,
cada vez mais alto,
até que num salto
alcança a lua
e rola
até o seu lado oculto.
Faz a curva o pião
e ruma para Saturno,
tropeça nos anéis,
dá três cambalhotas,
se pendura
numa estrela cadente
e, sem graça,
volta para a palma da mão.
Um pião se equilibra
na palma da mão,
no chão, na calçada,
e alado vai rodando
por cima dos telhados,
gira entre as nuvens,
cada vez mais alto,
até que num salto
alcança a lua
e rola
até o seu lado oculto.
Faz a curva o pião
e ruma para Saturno,
tropeça nos anéis,
dá três cambalhotas,
se pendura
numa estrela cadente
e, sem graça,
volta para a palma da mão.
JOGO DE BOLA
A bela bola
rola:
a bela bola do Raul.
Bola amarela,
a da Arabela.
A do Raul,
azul.
Rola a amarela
e pula a azul.
A bola é mole,
é mole e rola.
A bola é bela,
é bela e pula.
É bela, rola e pula,
é mole, amarela, azul.
A de Raul é de Arabela,
e a de Arabela é de Raul.
Cecília Meireles
Todo Dia
Dia de criança é todo dia,
é toda lua,
é toda rua
para brincar.
é toda lua,
é toda rua
para brincar.
Dia de criança
é todo sol,
é todo rio,
barquinho inventado
pra navegar.
é todo sol,
é todo rio,
barquinho inventado
pra navegar.
Dia de criança
é toda pipa
rasgando o céu,
é tudo o que está
e não está
atrás do véu
e atrás da cortina,
andar feito bailarina
sobre os anéis de Saturno.
é toda pipa
rasgando o céu,
é tudo o que está
e não está
atrás do véu
e atrás da cortina,
andar feito bailarina
sobre os anéis de Saturno.
Dia de criança
é todo dia
até a gente ficar bem velhinho,
de bengala e neto no colo.
é todo dia
até a gente ficar bem velhinho,
de bengala e neto no colo.
Dia de criança
é todo dia
e todo dia
é de poesia.
é todo dia
e todo dia
é de poesia.
Roseana Murray
(JOSÉ PAULO PAES)
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Como a água do rio
que é água sempre nova.
Como cada dia
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?
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